OS ATAQUES CONTRA GRETA THUNBERG E O ESCOLA SEM PARTIDO

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Por Márcio Baima

Após discursar na ONU, a jovem ativista ambiental , Greta Thunberg , passou a sofrer uma série de ataques nas redes sociais,  aqui, no Brasil, por parte daqueles que apoiam a “política ambiental” – se é que podemos chamar assim – do atual Presidente da República. Contudo, as agressões não pararam por aí  contra a jovem Greta. Vídeos, onde o radialista Gustavo Negreiros, da rádio 96 FM de Natal (RN) e o “comentarista político” Rodrigo Constantino, no programa “3 em 1” da Jovem Pan,  usando expressões de baixíssimo nível para se referir à ativista, revelam uma mentalidade retrógrada que desmerece – e desconhece também – a importância do protagonismo dos jovens no processo de construção da sociedade na qual todos estão inseridos, seja a nível local, regional ou global.

Essa mesma mentalidade, que enxerga o jovem como um ser incapaz de refletir e agir por conta própria diante das adversidades que se apresentam na vida cotidiana, é um dos fundamentos do Projeto Escola Sem Partido. Os proponentes e apoiadores, desse projeto / dessa organização, entendem os jovens estudantes como “facilmente manipuláveis” por “professores doutrinadores” no ambiente escolar, logo, por essa razão, esses adolescentes precisariam de uma “proteção extra” para não se contaminarem com ideias “subversivas” e que atentem contra os “valores familiares/religiosos/morais” da sociedade brasileira “judaico-cristã”. Os jovens, nessa perspectiva, seriam como “folhas em branco”, onde a geração madura – formada por “cidadãos de bem” – escreveria os comandos da vida de cada um.

Essa visão contrasta profundamente com a realidade dos jovens nas escolas e na própria sociedade. Os jovens têm uma bagagem de conhecimentos, valores, e visão de mundo que os acompanham até a escola e afloram no cotidiano de sala de aula. Não são “folhas em branco” e, certamente, nunca serão. Inclusive, existe uma considerável fração da juventude estudantil que, cada vez mais, tem consciência do seu papel transformador na sociedade. Esse protagonismo jovem assusta quem defende posição reacionária e atrasada para o campo educacional, tal como, o Projeto Escola Sem Partido. Não por acaso, o PL 246/2019 – de autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL – DF), que tenta instituir o “Escola Sem Partido 2.0” – busca censurar a atuação dos grêmios escolares. De acordo com essa linha antidemocrática dos defensores do Projeto Escola Sem Partido, jovens estudantes,  que se movimentam, pensam, participam dos grêmios e lutam por um mundo melhor,  só podem estar sendo “usados” por “militantes” ou por “doutrinadores”.

Nesse sentido, a ativista Greta Thunberg é vista como alguém que está sendo “manipulada” por interesses escusos que não são dela, mas, sim, de quem, supostamente, tem o “controle” sobre a mesma. Dessa forma, não se acredita na possibilidade dos jovens, representados por Greta, terem uma luta genuína conforme suas vivências e necessidades diante da realidade em que estão inseridos. Desqualificando a juventude estudantil, por entender a mesma como “massa de manobra”, os reacionários e o Projeto  Escola Sem Partido tentam matar, na fonte, as possibilidades de crescimento e atuação dos jovens engajados na construção de um mundo melhor. Esses jovens, na luta por um futuro digno, serão desafiados  a cada momento, assim sendo, mais do que nunca, eles terão que fazer uso daquilo que os ultraconservadores obscurantistas  querem lhes tirar, ou seja, o protagonismo crítico. Somente, essa postura crítica será capaz de amedrontar os que querem roubar os sonhos da juventude.

Parabéns, Greta Thunberg! Parabéns, juventude! Vocês, jovens, jamais, serão “folhas em branco”! Vocês, jamais, serão massa de manobra! A luta continua! Avante!